Ontem pelas ruas

Ontem tirei o dia para resolver algumas pendências, ortopedista e faculdade foram algumas delas, e isso fez que eu andasse pelas ruas de Santo Amaro. E foi nessa caminhada entre um lugar e outro, que pude constatar que as pessoas falam sozinhas.

Mas será possível?

É possível sim, a calçada cheia de cidadãos solitários que falam consigo mesmo não me deixam mentir, é só prestar atenção ao seu redor e constatar esse fato.

Será que eu mesmo, enquanto olhava os outros falando a sós, também não falava sozinho?

Será que estavam todos com seus amigos imaginários?

Devo confessar aqui que tenho um amigo imaginário, que está ao meu lado desde criança, brincamos muito na chuva, quando saiamos com o meu caminhão da Elka, sim aquela carreta com carroceria aberta, que eu enchia de pedras para ficar mais pesada e espalhar água barrenta em tudo que estava ao meu alcance.

E os acidentes então? Terríveis e com muito fogo. Era mais ou menos assim, o carro perdia o controle batia em outro e pegava fogo, lógico que o fogo era produzido por mim e o Álcool Zulu, (que minha mãe nunca sabia por que acabava tão rápido), os carrinhos e o local do acidente eram molhados com o combustível e quando acontecia o acidente era só riscar um fósforo que o fogo fazia a sua parte.

Sensacional...

Mas voltando ao assunto, e depois de refletir um pouco, cheguei a conclusão que todos nas ruas fazem parte de uma multidão de solitários, e que a única pessoa a se confiar é no Zé, o nosso inseparável amigo imaginário.

Eduardo Guerrero