Sim, ele mesmo: Chacrinha!
José Abelardo Barbosa de Medeiros, nascido em Surubim, Pernambuco, trilhou o caminho que todos os comunicadores de sua época fizeram. Começou na Rádio Clube de Recife, em 1935, e foi para o Rio de Janeiro em 1945, onde trabalhou em muitas emissoras de rádio e, segundo alguns relatos, seu forte sotaque nordestino era um empecilho para exercer a profissão. Contudo, isso não seria motivo para o grande Guerreiro desistir da batalha.
Superando essas dificuldades, continuou insistindo e foi trabalhar na Rádio Clube de Niterói, emissora que ficava em uma pequena chácara aos arredores do cassino de Icaraí. Rodeada de patos, gansos e outros bichos, no lugar era transmitido o programa “O Rei Momo na Chacrinha”, que era sobre carnaval. Esse mesmo programa também foi conhecido por “Cassino da Chacrinha” e, por fim, “Cassino ‘do’ Chacrinha”. O nome virou a marca que sempre esteve ligada ao nome de seus programas.
Depois de estourar na rádio, tornou-se um personagem muito disputado pelas emissoras de televisão, o que explica o grande número de lugares onde trabalhou: TV Rio, TV Tupi, Globo e Bandeirantes, sempre com seu passe a preço de ouro.
Conhecido pelas roupas extravagantes que usava, cheias de brilhos e lantejoulas, pela distribuição de prêmios hilários como bacalhaus e abacaxis e também pelos bordões que marcaram a sua carreira, dos quais podemos relembrar “vocês querem bacalhau?”; “Teresinhaaaaaa....”; “quem não se comunica, se trumbica” e, lógico, a sua intermitente buzina que era tocada sem parar.
Abelardo estreou na TV Tupi no ano de 1956 com o programa “Rancho Alegre”, onde ficou até 1970 quando foi contratado pela Globo. Porém, ele ficou apenas até 1972, voltando então para a Tupi e, logo depois, foi para a TV Bandeirantes.
No ano 1982, Chacrinha reestréia na TV Globo com “O Cassino da Chacrinha”, programa que contava com uma formatação bem ao seu estilo: continha um corpo de jurados bastante contestado, com figuras como Carlos Imperial, Aracy de Almeida, Rogéria, Elke Maravilha (que na minha opinião foi a primeira drag queen do Brasil, mesmo sendo mulher e tudo mais) e Pedro de Lara, além de contar com o elenco da Globo que também prestigiava o velho guerreiro todos os sábados.
Não posso esquecer das chacretes, que eram as dançarinas que faziam coreografias e tinham nomes exóticos, como mandava a cartilha do Velho Guerreiro: Rita Cadillac, Índia Amazonense, Fátima Boa Viagem, Suely Pingo de Ouro, Fernanda Terremoto e por aí vai. Ao seu lado, no placo, não podemos esquecer da figura que se tornou o símbolo mais irreverente de todos os programas de auditório que já vimos até hoje: o caricato Russo.
O programa durou até 1988, quando o velho Guerreiro começou a mostrar os sinais da longa batalha que enfrentara todos esses anos e passou a apresentar um quadro de saúde delicado. Assim, Chacrinha foi substituído em alguns programas por Paulo Silvino e, depois de sua recuperação, dividiu o palco com João Kleber. Mas é com muita dor que no dia 30 de julho de 1988, o Brasil recebe a notícia da morte de Abelardo Barbosa, que após sofrer um enfarto em sua casa e nos braços de um de seus fiéis funcionários, deixou os palcos do mundo bem mais tristes e fez a comédia brasileira chorar.
Então é isso, amiguinhos. Falei aqui do grande Chacrinha. Olha que só uma postagem não é suficiente para tratar de toda sua trajetória e obra. Arrisco até dizer que seria necessário um blog exclusivo para tratar da história desse grande e genial personagem da tv brasileira.
Até a próxima!
Eduardo Guerrero
Um comentário:
Sensacional esse post Guerrero. E o que era o vestido de repolho de La Savalla? hehehehe
Vcs me venceram... parabéns! Sigam em frente!
MR
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